Quando durmo, leio;
Quando sonho, leio;
Quando acordo, leio;
Quando sorrio, leio.
Qual bom escritor
nunca um dia sonhou
em ter uma biblioteca
lotada de livros sem pudor?
Qual bom leitor
nunca um dia imaginou
ler toda uma biblioteca
com uma postura de sonhador?
Eis este meu livro,
Meu melhor amigo,
Meu maior registro
Da prateleira que me deixastes,
Da poeira que me acumulastes.
Quantos livros não foram esquecidos?
Quantas histórias não foram abandonadas?
Quantas almas não foram levadas?
Dentro deste cômodo
Fora deste sentimento
Entre esse lugar
Há a minha história queimada.
No mar de palavras,
afoguei-me em minhas próprias armas,
desmatei minhas próprias áreas
e esqueci minhas próprias ameaças.
Dentro desse maldito amigo,
esqueci meu nome, meu lugar, minha essência,
minha alma, minha dança, minha carência,
minha dor, meu calor, minha experiência.
Assim como o livro de capa dura,
com história importante
e personagens arrogantes,
deixaram-me na estante para depois.
Parando em uma história incompleta,
uma jornada jamais descoberta
e uma dor nunca mais encoberta.
Assim como o livro amassado, rasgado e empoeirado,
deixaram-me de lado,
confiando nos outros leitores,
os quais na realidade
sempre foram os inventores,
os tão admirados escritores.
Silva Barbosa - 2º2
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