Quantas palavras difíceis já disse hoje?
Aquelas que precisamos procurar no dicionário,
escolhendo a dedo o destinatário
que, quando usadas erroneamente,
causam impactos internamente.
Quantas palavras difíceis já escreveu hoje?
Aquelas que precisamos olhar umas cinco vezes
só pra conferir a escrita feita há meses,
porque, quando falha,
não alimenta seu texto nem como migalha.
Quantas palavras difíceis já traduziu hoje?
Aquelas que precisam de sinônimos,
porém só te servem os antônimos,
pois, sem os complementos opostos,
você ficaria a vida toda devendo impostos.
Um termo interessante, posso dizer
“palavras difíceis”
Pela escrita? Pela fonologia? Por significados?
Por retratos? Por acentos? Por analogias?
De todos os termos médicos,
principalmente os que se referem aos pulmões,
nenhum me deixou tão sufocada
quanto os tais lexemas mágicos.
Amor, dor, raiva, rancor, liberdade
como transcrevê-las para o dicionário?
De uma maneira que não tenha maldade?
São curtas, silábicas, nada complexas,
então, por que citadas em tantas promessas?
Ou, até melhor, por que tão difíceis?
Para essas palavras tão dóceis,
buscarei a amarga resposta até meu apagão,
mas, até o mesmo acontecer,
continuarei lendo sob a luz do tal do viver.
E a bendita tradução
encontrarei nos mais malditos corações
que matarão outro tipo de brilho:
o esquecido no mais fundo arquivo
nas linhas dos livros mais esquivos.
Silva Barbosa - 2º2
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